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Crédito da imagem: Freepik.com |
Um modo inspirador de compreender o revelador da experiência missionária ad gentes está relacionado à experiência do 'encantamento'. Uma pessoa invejosa sente a força do envolvimento afetivo e eficaz pedagogicamente em três etapas: o encanto, o desencanto, o reencanto.
Registro do jovem enviado em missão para uma pequena aldeia. Fez os preparativos, treinos, se preparou e no tempo combinado partiu. A alegria foi imensa. Tudo era muito bonito, o povo muito acolhedor, as ações realizadas eram muuuito intensas. O tempo foi passando e o calor inicial se arrefeceu. A força do encanto inicial transformou-se em apatia.
Aos poucos foi surgindo uma visão opaca e fria da realidade. As perguntas das pessoas antes soavam como acolhida, atenção, vontade de ajudar; agora soavam como invasão, bisbilhotice, 'investigação'. O ritmo de vida das pessoas, tão manso e calmo, saudável e sem pressa, tornou-se pesado, anestesiante. O modo simples de compartilhar as ideias e os bens passaram a ser vistos como falta de utopia e pouca visão de futuro. A alegria dos encontros cedeu lugar à nostalgia, à saudade, ao banzo (tipo de saudade intensa e sofrida).
Deus tem seus caminhos e métodos. Quem se envolveu na dinâmica missionária aprendeu com Jesus “quando você era novo, te cingias e ia onde queria. Mas chegará um tempo que te levará onde não quer ir” (Jo 21,15-19). Por mais prazerosa e satisfatória, a vivência da missionariedade não se restringe à satisfação e realização pessoal. Missionário é um ser que não se pertence. Não é dono de si ao estilo da racionalidade humana. É possuído, protegido e controlado pelo Espírito de Deus. Quando parece não haver mais caminho e todas as saídas se fecham, quando a morte 'rondar a beleza' da vida, é hora do fim e um novo começo desponta. A noite finda e o 'primeiro dia da semana' começa novamente.
Nessas horas, uma atitude poderosa é agir como Cléofas e sua Maria: voltar para Emaús. O longo caminho de reflexão, de perguntas, partilhas e escuta do peregrino prepara o coração para o novo encanto. Um fato, uma pessoa, um testemunho, o gesto de partir do pão, é o bastante para sentir a força renovadora da vida. Emaús não é o fim de tudo. Torna-se fonte inspiradora para o novo começo. A noite se ilumina porque a luz que vence as trevas se irradia a partir do coração.
Eis um modo simples de contemplar uma missão ad gentes e aproveitar suas inspirações pra vida. Muitas vezes sentimos a força encantadora de Jesus, de sua missão, cruz, sepulcro e ressurreição. Muitas vezes nos animamos profundamente e diante dos atendidos na vida: tráficos, violências, fome, desânimos, doenças…. chega o peso da noite a ofuscar o dia.
Mas aquele que nos chama é fiel. Ele sabe agir na hora certa. Louvado seja o Senhor que nos ama, chama, envia e reenvia constantemente em missão.
Autoria do texto : Pe. Gordiano, Anori, 04/10/24
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