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Céditos: Artes Coptas |
O presente artigo reflete acerca da passagem bíblica de Mateus 14,22-32, fazendo análise do contexto histórico tirando lições para a nossa vida espiritual nos dias atuais. Seu objetivo é a compreensão das dificuldades que enfrentamos hoje que podem afetar nossa fé, e como podemos manter a esperança em Jesus Cristo.
Contexto histórico
O episódio da passagem do Evangelho de Mateus 14, 22-32, narra para nós o que ocorre logo após o evento da multiplicação dos pães e dos peixes. Jesus ao realizar esse grande milagre diante da multidão, revela o seu poder de providência e de cuidado com o povo. Mas, Ele pede que os discípulos entrem na barca e atravessem o mar da Galileia, e Ele se retira ao monte para se encontrar a sós na oração com o Pai.
O mar da Galiléia é conhecido por despertar tempestades repentinas e violentas, causadas pelo encontro dos ventos frios das montanhas e o ar quente da superfície da água. Para pescadores como Pedro, Tiago e João, navegar ali era rotina, mas também carregava riscos reais. É nesse cenário de agitação natural e insegurança que os discípulos enfrentaram ventos contrários durante a noite.
Para a mentalidade judaica da época o mar simboliza o caos e as forças hostis à vida. Portanto, Jesus caminhando sobre as águas significava vencer o mal e o medo. Esse gesto de Jesus vindo ao encontro dos discípulos andando sobre as águas é um sinal de sua autoridade sobre tudo aquilo que ameaça o ser humano.
As dificuldades em nossa realidade
Assim como os discípulos enfrentaram os ventos contrários fortes e as ondas que pareciam afundá-los, as vezes nós percebemos está cercados por grandes dificuldades: crises familiares, problemas financeiros, enfermidades, conflitos no trabalho e até mesmo as nossas lutas internas contra os medos e as inseguranças. Na maioria das vezes essas adversidades nos fazem sentir como se estivéssemos no meio de uma tempestade lutando para não afundar.
É importante notar um detalhe, os discípulos não estavam longe de Jesus por desobediência, mas porque Ele próprio havia enviado. Isso nos ensina que mesmo quando seguimos a vontade de Deus, não estamos isentos de enfrentar problemas, mas a diferença está na disponibilidade do amor de Deus que vem sempre ao nosso encontro.
Nossa falta de fé e esperança nas dificuldades
Quando Pedro vê Jesus caminhando sobre as águas sente-se impulsionado a ir ao seu encontro. No início, enquanto seus olhos estão fixos no Mestre, ele caminha com firmeza, mas ao desviar o olhar e prestar atenção nas ondas e no vento começa a afundar.
Esse pode ser um retrato claro da nossa experiência espiritual: quando focamos em Jesus Cristo, conseguimos atravessar as dificuldades; mas quando desviamos o olhar para o problema, a ansiedade, a descrença e o desânimo nos puxa para baixo.
A nossa falta de fé não representa apenas a dúvida em relação a ação de Deus, mas esquecemos que Ele está sempre presente mesmo quando parece distante. Assim como Pedro, muitas vezes clamamos: “Senhor, salva-me!”, mas quando já estamos afundando.
O que fazer para mudar a realidade da falta de fé
A cena descrita nos oferece um caminho claro para a transformação do medo em confiança: fixar o olhar em Jesus – A fé cresce na medida em que mantemos nossos ouvidos atentos a escuta da sua Palavra e não nas circunstâncias desafiadora que nos cercam;
Cultivar uma intimidade com Ele por meio da oração constante, pois Ele se retirou para rezar antes de ir ao encontro dos discípulos. O diálogo com Deus fortalece nossa fé;
Reconhecer nossas fragilidades é essencial, Pedro reconhece e teve a humildade de clamar por ajuda. Reconhecer que precisamos de Jesus Cristo abre espaço para a ação d’Ele;
Considerações finais
O relato de Mateus 14,22-32 que refletimos, não é apenas uma lembrança de um milagre do passado; é um convite cotidiano para não sermos homens e mulheres de pouca fé. Jesus não advertiu Pedro por sua tentativa de caminhar sobre as águas, mas por duvidar no meio do caminho. Isso significa que Jesus valoriza nossa coragem de sair do nosso comodismo e ir ao seu encontro, mas deseja que sejamos perseverantes até o fim.
Se diante das ondas que a vida nos apresenta confiarmos no Senhor, poderemos escutar de sua boca não a advertência, “homem de pouca fé,” mas sim um elogio: “Bem-aventurado aquele que crê.”
Por: Sebastião Caldas
REFERÊNCIA:
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 9. ed. Brasília: CNBB, 2018.
3 Comentários
De fato, uma reflexão que fica para o nosso dia a dia. "Confia no Senhor, e tende coragem para ir e vencer o mundo!"
ResponderExcluirObrigado Ana Luiza pela leitura e apreciação do texto. Em nossos dias, mais do que nunca é preciso o olhar fixo no Senhor.
ExcluirTer coragem e ser coragem...nos faz ser livres de nossas negatividade,é crer no impossível fazendo o possível acontecer ...
ResponderExcluirDeixe seu coméntário ele é muito imporante para nós, agradecemos o seu Feedback. Com estima; Pegadas do Reino