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Vigilância e vivência do amor ao Reino de Deus

 

Créditos: Pinterest

A liturgia deste 19º Domingo do Tempo Comum nos leva a uma reflexão sobre a vigilância e vivência dos valores do Reino Deus. A primeira leitura nos narra a noite em que povo de Israel é libertado da escravidão do Egito; Deus vem em auxílio dos que sofrem, dos que choram e são oprimidos; Deus cumpre a promessa feita a seus pais e chega ao povo à noite da libertação. Um povo resiliente que mesmo diante da opressão que sofria não deixou de esperar no Senhor. O contexto em que se encontra Israel é de dificuldades e opressão, mas acima de tudo era de esperança.

Na segunda leitura é exaltada a fé dos patriarcas que confiaram em Deus sem conhecimento do caminho que teriam que trilhar. É perceptível um contexto de perseguição, por isso o autor convida-os a acreditar no desconhecido, porque Deus havia sido fiel aos seus antepassados. Para isso ele faz referência aos seus pais que confiam em Deus; dar ênfase para Abraão que tanto confiou que sai de sua terra para a terra que o Senhor lhe indicou, mesmo sem saber o que se passaria nesse caminhar rumo à terra da promessa.

O autor insiste em destacar a fé de Abraão que reside como estrangeiro por confiar em Deus; morou “em tendas com Isaac e Jacó, os coerdeiros da mesma promessa” (Hb 11,10). O autor sagrado destaca a esperança pela cidade arquitetada pelo próprio Deus; destaca com veemência a firmeza da fé dos antepassados ​​e encorajou seus interlocutores a enfrentar as perseguições e dificuldades confiando naquele que cumpriu as promessas a seus pais e há de cumprir novamente aqueles que acreditam em sua Palavra.

Na passagem do Evangelho de Lucas, Jesus começa animando os seus discípulos: “Não tenhais medo pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino” (Lc 12,32). No entanto esse Reino é de vivência prática dos seus valores; Jesus alerta que é preciso o desapego dos bens materiais; neste Reino o centro não é o material, mas o verdadeiro tesouro que se constrói junto de Deus onde nem o ladrão chega, nem traça corrói; assim deve ser a procedência de seus discípulos: “Porque onde está o seu tesouro, aí está também o seu coração” (Lc 12,34). Entretanto, para Jesus o coração dos discípulos deve estar na vivência do amor, da misericórdia, da fraternidade, mesmo que isso pareça insignificante aos olhos daqueles que não vivem segundo o coração do Pai.

Depois de animar os discípulos, Jesus diz que é preciso ser vigilante porque feliz é o empregado que o patrão encontrar atento para lhe abrir a porta, pois ele se cingirá e vai fazê-lo sentar-se à mesa. Essa é uma chamada de atenção de Jesus para dizer que o Filho do Homem vai chegar no momento menos esperado, é preciso estar preparado, vigilantes. Quando Pedro questiona para quem foi direcionada a parábola Jesus pergunta quem é  o administrador fiel que vai ficar à frente para distribuir a comida para todos e pede que seja redobrado a vigilância, pois aquele que muito foi dado, muito lhe será cobrado.

Alguns elementos nos ajudam em nossa reflexão sobre a mensagem de Jesus que nos pede para viver  o desapego e construir o verdadeiro tesouro junto de Deus: de que maneira essa mensagem de Jesus toca nossos corações; como viver a Palavra de Deus na vida cotidiana; como viver na esperança em meio a um cenário tão violento e de ausência do amor de Deus no coração da humanidade.

A forma como essa mensagem nos é transmitida nos questionam sobre a nossa confiança: se somos como o povo de Israel que mesmo diante da noite escura acreditam na libertação, se como Abraão aceitamos o desafio de caminhar sem ter todas as respostas, mas confiando no amor de Deus que nos guia em cada passo; se estamos sendo vigilantes como Jesus nos pede no Evangelho, não por medo, mas vivendo com o amor que constrói tesouros no céu, para que o Senhor nos encontre de coração aberto e mãos ocupadas no seu serviço.

Para sermos vigilantes é preciso que tenhamos fé, não podemos ficar estáticos pelo comodismo ou pelas preocupações excessivas, mas “esperançar” na vida de oração, na caridade, no amor a Deus expresso no cuidado com a criação e de nossos irmãos e irmãs, principalmente os mais vulneráveis. 

A nossa realidade não é fácil se levarmos em conta a responsabilidade que temos como cristãos. Estamos diante de um cenário de tantas violências, guerras, doenças, e a pior de todas, a falta de amor. Parece que a ganância de ter muito poder levou grande parte da humanidade a fazer como o empregado da parábola, a bater nos criados e criadas, a viver uma vida distante da vigilância que o Evangelista nos orienta, e isso pode causar desesperança e falta de fé. Por isso a importância de fixarmos nossos olhos em Jesus e ouvirmos a sua palavra, pois é n'Ele que vamos encontrar força, fé e esperança para seguirmos firmes e vigilantes.

A liturgia deste domingo nos lembra que a fé é um caminho de vigilância e confiança, vivido passo a passo, como bem expresso nas leituras onde os patriarcas caminharam com confiança, Abraão se entrega na inteira confiança em Deus e segue ruma a terra que o Senhor lhe confiou. No Evangelho Jesus nos pede para estarmos atentos a chegada do Filho do Homem. Para isso, devemos seguir firmes na confiança em Deus que está sempre caminhando ao nosso lado.




Por: Sebastião Caldas

REFERÊNCIA:

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. 9. ed. Brasília: CNBB, 2018.

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2 Comentários

  1. Parabéns por esse texto incrível! Faz a gente pensar e repensar em nossas ações e tentar ser melhor a cada dia

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